Ex-presidente renunciou no domingo (10) depois de um pedido do chefe das Forças Armadas da Bolívia, em meio a uma crise iniciada com as eleições presidenciais.
Evo Morales chegou nesta terça-feira (12) ao México, país que lhe concedeu asilo após o ex-presidente da Bolívia renunciar ao cargo sob pressão das Forças Armadas bolivianas. Ele desceu da aeronave às 14h17 (de Brasília).
O boliviano embarcou na aeronave da Força Aérea mexicana por volta das 22h50 de segunda-feira no aeroporto de Chimoré, perto de Cochabamba – antigo reduto do ex-presidente. Antes, o avião fez uma parada para abastecimento no Peru, que autorizou a entrada do avião no espaço aéreo local.
Ainda na pista do aeroporto da Cidade do México, Evo Morales afirmou que grupos ofereciam até US$ 50 mil para que o entregassem. Segundo o ex-presidente da Bolívia, ele soube disso um dia antes de entregar o cargo. “Por isso, estamos muito agradecidos. Salvaram nossa vida”, disse.
“Decidi renunciar para que não haja mais derramamento de sangue”, disse Evo.
Evo ainda prometeu continuar na política. “Quero dizer que, enquanto eu estiver vivo, seguiremos na política. Enquanto estiver vivo, continuará a luta”, afirmou.
Além de Evo, o agora ex-vice-presidente da Bolívia Álvaro García Linera e a deputada Gabriela Montaño desembarcaram no México, informou o jornal boliviano “El Deber”.
O ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard afirmou, em uma rede social, que “de acordo com as convenções internacionais vigentes, [Evo] está sob proteção do México. Sua vida e integridade estão salvas”.
O avião fez uma parada para se abastecer de combustível no Paraguai e voltou à Cidade do México.
Numa coletiva de imprensa, o Ministério das Relações Exteriores do México informou sobre a dificuldade de tirar Evo Morales da Bolívia e que estavam em andamento negociações com vários países para que a aeronave pudesse usar o espaço aéreo deles.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro confirmou que o voo com Evo passaria pelo Brasil. O pedido foi feito pelo México e atendido pelo governo brasileiro.
“Confirmamos que foi concedida autorização para sobrevoo de aeronave transportando o ex-presidente Evo Morales”, disse o Itamaraty.
Com informações do G1
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‘Dói abandonar o país’
Pouco antes de o avião decolar de Chimboré, Evo usou as redes sociais para se despedir:
“Dói abandonar o país por razões políticas, mas estarei sempre atento. Voltarei logo, com mais força e energia”, escreveu.
Ele deixou a Presidência da Bolívia no domingo, depois de comandante-chefe das Forças Armadas da Bolívia, o general Williams Kaliman, pedir a Evo que renunciasse.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) publicou relatório da auditoria que fez sobre as eleições na Bolívia, apontando fraude e a necessidade de nova votação.
Ao tomar conhecimento do relatório, Evo anunciou novas eleições, mas a notícia não foi suficiente para conter a ira da oposição. Naquele momento, ele já tinha perdido apoio dos policiais, que se recusavam a reprimir manifestações.
Evo Morales publicou foto deitado em barraca montada no chão em Cochabamba, na Bolívia, onde ele teria passado a noite após renunciar à Presidência — Foto: @evoespueblo/Reprodução/Twitter
Uma foto que Evo publicou em uma rede social o mostra deitado em uma barraca improvisada com lençóis. “Assim foi a minha primeira noite depois de deixar a presidência foçado pelo golpe de Mesa e Camacho com a ajuda da polícia. Assim eu me lembrei dos meus tempos de dirigente [sindical]. Estou muito grato aos meus irmãos das federações do Trópico de Cochabamba por nos garantir segurança e cuidado”, ele escreveu.
Em uma outra mensagem, ele afirmou que houve tentativas de vandalizar suas propriedades.
“Depois de saquear e tratar de incendiar a minha casa em Villa Victoria, grupos de vândalos dos golpistas Mesa e Camacho atacaram meu domicílio no bairro Magisterio de Cochabamba. Eu agradeço muito aos meus vizinhos que frearam esses assaltos”, disse ele.
Com informações do G1