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A semana que passou…

Por Milton Atanazio

Celebração do golpe de 64; a corda bamba do ministro Vélez da Educação; a viagem para Israel de Bolsonaro; a ida de Paulo Guedes a CCJ, na Câmara Federal; a proposta de capitalização da Reforma da Previdência e as declarações de Alcalumbre sobre a conversa com os políticos. Isso e muito mais…

No geral, a decisão do governo de defender que não houve golpe em 1964 gerou desgastes desnecessários e uma série de manifestações pelo país no domingo (31), início da ditadura militar há 55 anos. A ordem para celebrar o golpe foi inédita nos últimos 20 anos.

Enquanto a corrosão acontecia nas cidades, nos quartéis mesmo, não houve nada de grandioso. Os militares preferiram a leitura da ordem do dia que aconteceu ainda na semana passada. Alguns chegaram a comentar que não ficaram confortáveis com esse movimento que levou o país a reviver o clima de divisão.

Na Educação, o ministro Vélez Rodriguez manteve o assunto nas páginas dos jornais. Em uma entrevista ao jornal Valor Econômico, o chefe da pasta disse que iria determinar uma revisão dos acontecimentos de 1964 a 1985, período que durou o regime militar, nos livros de história dos estudantes brasileiros. A decisão tende a ser também um ponto de desgaste.

A sua cabeça provavelmente irá à guilhotina, não por isso, mas pela sua ineficiente atuação como gestor da Educação. Vélez diz que não vai entregar o cargo de ministro, mas Bolsonaro já deu uma declaração indicando que pode demiti-lo na segunda-feira (8). A conferir na próxima semana.

Outro fato importante da semana foi a viagem do presidente Jair Bolsonaro para Israel, que também gerou algumas controvérsias. O anúncio da abertura de um escritório de negócios em Jerusalém, em vez da prometida transferência da embaixada brasileira de sua atual sede, provocou reações nos quatro cantos. Conseguiu desagradar pelo menos 4 protagonistas importantes: Israel, que esperava o anúncio da transferência da embaixada, como fez o presidente americano Donald Trump; Os Palestinos que reivindicam Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado, mas também países islâmicos – e não apenas do mundo árabe – que são parceiros comerciais importantes para a exportação brasileira de carne bovina e de frango. O Brasil conquistou ao longo de anos um mercado poderoso de exportação de carne bovina e de frango para esses países – um negócio maior que US$ 3 bilhões por ano e corre risco de boicote, com a mudança da embaixada.

 

A bancada ruralista, com forte reação, que teme perder gradualmente esse mercado, e o alerta da ala militar do governo fizeram o governo recuar da promessa inicial do presidente.

Um crítico público da mudança foi o próprio vice-presidente Hamilton Mourão. A avaliação reservada de militares é que o Brasil não pode perder a condição de país neutro no Oriente Médio. Caso contrário, pode virar rota do extremismo religioso já presente em vários países do mundo.

A solução salomônica, portanto, não foi uma boa. Continua com o abacaxi e o nó para desatar. Foi mal.

A ida do ministro da Economia Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça e os momentos de tensão que ocorreram, mostraram a frágil atuação da base parlamentar do governo. Nas primeiras duas horas a oposição interrogou o ministro praticamente sozinha. A ausência do “Centrão” na defesa do projeto também foi percebida.

O presidente admitiu a possibilidade de retirar a proposta de capitalização da reforma da Previdência caso a reação do Congresso à iniciativa seja negativa. Durante café da manhã com jornalistas nesta sexta-feira (5), Bolsonaro disse que “se tiver reação grande”, admite retirar a capitalização da proposta. “Alguma coisa vai tirar, tenho consciência disso”, destacou o presidente.

No mesmo dia em que admitiu a possibilidade, o ministro Paulo Guedes (Economia) defendeu a capitalização e afirmou que o novo sistema tem potencial para gerar milhões de empregos e diminuir os encargos trabalhistas. Pela proposta de Guedes, os empregadores deixariam de contribuir via Folha de pagamento, como é atualmente, e haveria aportes individuais para cada trabalhador e desoneração dramática dos encargos trabalhistas.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, se manifestou durante fórum do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em Campos do Jordão (SP), afirmando que o presidente Jair Bolsonaro acertou ao começar a conversar com dirigentes partidários e que o chefe do Planalto precisa liderar a articulação do governo para aprovar a proposta da nova Previdência.

Para Alcolumbre, a rodada de conversas do presidente com os partidos – realizada na quinta – “é o único caminho que nós teríamos para termos o apoio dos parlamentares para dialogar e para debater essa reforma”, afirmou. Foi mais feliz ainda na frase que disse, resumindo o momento político e a conversa com os políticos. “Ele precisa ouvir as lideranças políticas, precisa ouvir os presidentes de partidos, não se trata de ouvir a velha ou a nova política, se trata de ouvir a política”, finalizou Alcolumbre.

Um fato da semana, no mínimo curioso, que chama a atenção: vários processos contra políticos começaram a ser encaminhados para a Justiça eleitoral por conta da decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) de que crimes comuns que tenham conexão com crimes eleitorais devem ser enviados para a Justiça Eleitoral. Curiosidade: dos mais de 16 mil detentos do DF nenhum foi preso por decisão da Justiça Eleitoral.

Vamos aguardar a próxima. Teremos um evento de prefeitos e vereadores de grande expectativa em Brasília

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