Breve história:
Os cristãos da Jordânia são considerados uma das sociedades cristãs mais antigas no mundo, pois a sua história remonta ao início do primeiro século d.C. Muitas pessoas do norte do Jordão seguiram Jesus e locais secretos de adoração durante a sua vida de Jesus na Jordânia foram construídos. Além disso, muitos dos habitantes de “Gadara” (Umm Qais), “Gracia” (Jerash) e “Pella” (Tabaqat Fahl) seguiram o Cristianismo, considerando “Tabaqat Fahl” uma das primeiras cidades onde Cristianismo se expandiu, ainda em segredo, por volta do ano 100 d.C. Uma das primeiras cidades também, que abrigou os cristãos da perseguição dos judeus e romanos.
A maioria dos cristãos da Jordânia tem suas origens voltadas para várias tribos árabes nativas. Sem esquecer que o quarto Rei Nabateu foi um dos três reis que trouxeram presentes ao menino Jesus, por volta do ano 4 a.C (não depois), devido à descoberta de um erro no calendário gregoriano, segundo o pesquisador Monsieur Emmett.
O historiador Arnobius (terceiro século D.C) mencionou que o Cristianismo já era difundido entre os árabes. Depois, os historiadores “Al-Tabari”, “Ibn Khaldun”, “Abu al-Fida”, “Al-Maqrizi” e “Al-Masoudi” escreveram sobre a disseminação do Cristianismo entre os árabes do leste da Jordânia, Síria e Hijaz.
Os cristãos da Jordânia foram submetidos a muita perseguição, tortura e até assassinato e exílio durante o domínio romano, especialmente durante o reinado do imperador “Diocleciano” ( 302-305 D.C), quem emitiu quatro decretos levando à demolição de igrejas e locais de culto e ao assassinato de cristãos. Esse período de perseguição permaneceu até o imperador “Constantino I” assumir o trono de Roma, o qual foi chamado de “Era dos Mártires”. Os judeus também perseguiram todos os que seguiam o Cristianismo, portanto, tinham que praticar seus rituais religiosos em segredo e longe dos olhos dos judeus e romanos em cavernas e montanhas secretamente na escuridão da noite, assim como, muitos migraram para áreas que os romanos não alcançaram, como o sul do Iraque, o norte e centro da Península Arábica.
Quando o imperador “Constantino I”, o filho de Santa Helena, ascendeu ao trono do Império Romano em 306 d.C, anunciou o fim da perseguição aos cristãos e sua conversão ao Cristianismo, e a declarou como a religião oficial do Império Romano, substituindo adoração aos vários deuses romanos. Os cristãos da Jordânia deram um suspiro de alívio, professando sua religião e praticando seus rituais em público, após quase duzentos anos de prática clandestina.
Os cristãos da Jordânia tiveram um grande papel na pregação do Cristianismo entre os pagãos árabes e arameus na Jordânia, e o Cristianismo se tornou a religião da vasta maioria da população local.
No início do século III d.C, uma grande mudança ocorreu na comunidade cristã a leste da Jordânia, quando as tribos árabes Gassânidas, que descendiam da tribo “Azd”, que descendia da “Kahlan”, que é uma das duas ramificações da “Qahtan”, migraram para a terra da Jordânia e do sul da Síria, e depois disso, o Emir Gassânida “Qusus” assinou uma aliança com os bizantinos garantiram a autonomia dos Gassânidas em troca da defesa das fronteiras do império sul e leste.
O domínio Gassânida começou no leste e oeste da Jordânia e na planície de “Horan” e se expandiu para vastas áreas da Síria e do Iraque. Apesar da religião comum com os bizantinos, os Gassânidas sempre viram os bizantinos como ocupantes, ocorrendo, muitas vezes, conflito político e rivalidade.
Os bizantinos ficaram pasmados com a batalha de “Mu’ta” em 630 d.C, quando muitos cristãos Gassânidas uniram se a exército de muçulmanos. Por isso que foram chamados de Azizat.
Na batalha de “Tabaqat Fahl”, os cristãos apoiaram sua arabidade, pois as tribos de “Lakhm”, “Jepham” e “Ghassan” se retiraram do acampamento bizantino e uniram aos seus irmãos árabes muçulmanos para lutar contra os bizantinos, devido ao fato de preferirem o governo muçulmano da sua nacionalidade aos estrangeiros.
O Estado Omíada permitiu que os cristãos da Transjordânia mantivessem suas igrejas e construíssem novas. As tribos cristãs “Nimr” e “Taghleb” sob a liderança de “Anas al-Numayri”, lutaram ao lado dos muçulmanos contra os persas.
No ano 636 d.C, os exércitos islâmicos começaram a demolir as fortalezas bizantinas ao norte da Jordânia em direção à Síria. No mesmo período, os gassânidas ficaram, voluntariamente, sob o domínio islâmico, e apoiaram e deram as boas-vindas aos exércitos dos muçlmanos, assim, a entrada para Jordânia foi fácil, o que levou os bizantinos a retirarem e reagruparem seus exércitos ao sul da Síria, onde a Batalha de “Yarmou” ocorreu.
Como o resto da população da Transjordânia, os gassânidas foram divididos entre aqueles que permaneceram cristãos e aqueles que se converteram ao Islã. Eles não lamentavam a partida dos Bizantinos, pois havia muita discordância, especialmente porque os gassânidas eram afiliados à Igreja Ortodoxa Siríaca de Antioquia, enquanto os bizantinos eram Ortodoxos, e havia uma grande diferença entre eles em relação à divindade e à humanidade de Jesus Cristo, isso levou a uma grande disputa entre as duas partes, especialmente no reinado do rei “Al-Mundhir” 569-582 d.C.
Após a conversão de alguns gassânidas e arameus da Jordânia ao Islamismo, surgiram os chamados de “Melquitas”, que são uma reunião de cristãos da Síria, do Líbano, da Jordânia e da Palestina, que formou a mais antiga comunidade cristã do Oriente.
A aliança entre os gassânidas cristãos e muçulmanos foi mais que isso, pois eles marcharam com os exércitos dos muçulmanos para o Norte da África até a Andaluzia, além disso, assumiram muitos cargos administrativos e financeiros no Império Islâmico.
Durante as Cruzadas, por volta do ano 1100 d.C, os cristãos orientais foram perseguidos novamente pelos cruzados, e centenas de milhares deles foram assassinados. As Cruzados não respeitaram a santidade das igrejas, então as igrejas de Constantinopla, Antioquia, Damasco e Jerusalém foram encharcadas com o sangue dos cristãos orientais.
Os cristãos do Oriente lutaram junto com seus irmãos árabes muçulmanos, contra os cruzados, ainda que compartilharam a mesma religião , pois os laços de sangue, cultura e terra eram fortes demais para serem minados pelo Ocidente, como também, os cristãos participaram com os muçulmanos na luta sob a bandeira do líder muçulmano Salah al-Din al-Ayyubi, entre muitos exemplos.
Referência: Salem Ibrahim Al-Shdifat
Experto e especialista em língua hebraica, numismática e história antiga da Terra Santa.
*Artigo do Embaixador Qais Shqair – Chefe da Missão da Liga Árabe no Brasil
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