Entrevista com o Embaixador Elkhan Polukhov
Embaixador, 18 de outubro é o Dia da Restauração da Independência do Azerbaijão e, usando esta oportunidade, quero saudar todo o povo do Azerbaijão por causa desta data importante! Você pode falar mais sobre esta data e sua importância?
Em 18 de outubro de 1991, o Azerbaijão obteve a oportunidade de ganhar a independência pela segunda vez no século 20 e declarou ao mundo que era o sucessor da República Democrática do Azerbaijão com o Ato Constitucional “Sobre a Independência do Estado da República do Azerbaijão”.
Nos primeiros anos da independência, o Azerbaijão enfrentou muitas ameaças e passou por varios testes. Disputas internas, arbitrariedade e incompetência na administração pública, bem como uma grave crise política e econômica, colocaram o país à beira da guerra civil e colocaram em questão o seu futuro. Foi nessas condições que as terras do Azerbaijão foram ocupadas pelas forças armadas armênias e centenas de milhares de nossos compatriotas foram expulsos de suas terras ancestrais. Neste período difícil da história do Azerbaijão, o grande líder Heydar Aliyev voltou ao poder a pedido do povo. Só então a ameaça de perder a independência novamente foi evitada. Em um curto espaço de tempo, foram identificados os princípios fundamentais da estratégia da independência da política interna e externa de nosso país, a estabilidade pública e política e a disciplina do Estado foram asseguradas e a implementação de reformas democráticas e o processo de construção do exército foram iniciados. Hoje, nosso país é um iniciador e participante ativo em grandes projetos regionais e globais. O Azerbaijão segue uma política externa independente baseada em seus interesses nacionais e é mundialmente reconhecido como um parceiro confiável. Nos últimos anos, nossa economia mais do que triplicou, uma forte infraestrutura econômica foi criada, um progresso significativo foi feito na proteção, desenvolvimento e promoção de nosso patrimônio cultural, educação, saúde e outras esferas sociais, e o bem-estar material de nosso pessoal melhorou significativamente. Apesar do fato de que 20 por cento de suas terras estavam ocupadas por quase 30 anos e havia mais de um milhão de refugiados e deslocados internos, o Azerbaijão sempre avançou com confiança em direção a seus objetivos e não se desviou deles.
O resultado lógico dessa estrategia para o desenvolvimento abrangente do Azerbaijão por muitos anos e do trabalho contínuo feito para fortalecer ainda mais nosso país foi a restauração da justiça histórica – o restabelecimento da integridade territorial de nosso país que nosso corajoso Exército libertou nossas terras da ocupação em apenas 44 dias. A vitória do Azerbaijão na Guerra Patriótica criou novas realidades em nossa região.
Hoje, pela primeira vez em nossos 30 anos de história de independência, estamos celebrando o aniversário da restauração de nossa independência como uma nação vitoriosa que restaurou sua integridade territorial.
Sei que além da tradicional diplomacia bilateral e multilateral a Embaixada também atua na implementação de diversos programas aqui no Brasil nas áreas de educação, cultura, esporte e outros. Por favor, elabore um pouco mais sobre esses programas e nos diga sobre os planos futuros da Embaixada?
Desde a abertura de nossa Embaixada no Brasil em 2012, colocamos muitos esforços para apresentar o Azerbaijão ao público brasileiro por meio da cultura, esporte, educação e outros programas dedicados a um melhor entendimento de nosso país aqui. No próximo ano será o 10º aniversário desde que a Embaixada iniciou fisicamente suas atividades aqui e podemos dizer com orgulho que durante esses anos alcançamos alguns sucessos nos campos mencionados e em outros. Vários grupos musicais e de dança do Azerbaijão visitaram o Brasil e se apresentaram em diferentes cidades, bem como festivais de culinária e de cinema foram organizados. Em 2016 a capital do Azerbaijão, Baku, tornou-se cidade-irmã da cidade do Rio de Janeiro e hoje funciona no Rio a escola municipal que leva o nome do Azerbaijão. Nossa Embaixada tem uma relação muito próxima com esta escola e nela organizamos diversos eventos. Também damos atenção especial ao desenvolvimento das relações no campo da educação e do esporte. Durante o período dos últimos 10 anos por iniciativa do Ministério da Juventude e Esporte e Federação de Capoeira do Azerbaijão duas competições internacionais de capoeira foram organizadas em Baku e vários esportistas brasileiros visitaram nosso país. Também esportistas brasileiros participaram de várias competições internacionais organizadas no Azerbaijão. Podemos afirmar com orgulho que os Jogos Olímpicos organizados no Brasil em 2016 foram os de maior sucesso para nossas seleções durante todo o período de participação do Azerbaijão nesses jogos. O Azerbaijão deixou o Rio de Janeiro com um total de 18 medalhas (1 ouro, 7 de prata e 10 de bronze), representando o resultado olímpico de maior sucesso do país em nossa história independente. Na área da educação, alcançamos o sucesso no estabelecimento da relação entre o número de universidades e “think tanks” em ambos os paises. Cientistas brasileiros por meio de diferentes programas visitaram o Azerbaijão e produziram inúmeras publicações acadêmicas. Com o apoio da Embaixada, vários livros de poetas e escritores azerbaijaneses foram traduzidos para o português e publicados aqui. Tornou-se uma boa tradição publicar anualmente uma das revistas mais populares do Azerbaijão – IRS Herança na língua portuguesa, onde autores do Brasil e do Azerbaijão compartilham suas visões sobre história, arte, poesia e outros. Pretendemos este ano publicar a primeira tradução do poema «Sete Belezas» do renomado poeta azerbaijanes Nizami Genjevi por causa do aniversário 880 anos e o público brasileiro aproveita esta publicação.
Nosso país está localizado em diferentes continentes e hemisférios, mas muitos países têm boa relação apesar da grande distância entre nós. Você pode identificar áreas potenciais de cooperação entre nossos países?
Sim, voce tem razão, a distância é grande entre os nossos países, mas hoje em dia, por causa dos meios de telecomunicações e os seus potenciais, já não é um grande problema. Com certeza, a forma tradicional de comunicação por meio de visitas e reuniões mútuas ainda é o meio mais importante na construção de relações mutuamente benéficas, mas o Covid -19 nos ensinou a continuar conversando e trabalhando uns com os outros, mesmo durante a pandemia. No ano passado, organizamos dois encontros virtuais entre os presidentes dos grupos de amizade no Senado e no Congresso do Brasil com seu homólogo em Milli Mejlis (Parlamento) do Azerbaijão, que tiveram um grande impacto no desenvolvimento e no aprofundamento da diplomacia interparlamentar.
Hoje, após a liberação de nossos territórios ocupados, nós e a Embaixada concentramos nossos esforços na atração de investimentos brasileiros e tecnologias modernas para o Azerbaijão com o objetivo de abrir as portas da região do Sul do Cáucaso para os negócios brasileiros. O Brasil é o maior parceiro comercial do Azerbaijão na América Latina e, da mesma forma, lideramos o comércio entre os países do Sul do Cáucaso quando vem para o Brasil. Paralelamente no ambito comercial, queremos ver produtos azerbaijaneses no Brasil e vice-versa e para isso precisamos aumentar nossos esforços para estimular contatos mais intensos do governo e do setor privado em nossos países.
Mais uma vez, quero expressar minha profunda gratidão pelo seu interesse pelo Azerbaijão e suas saudações em relação ao 30º aniversário da restauração da independência da República do Azerbaijão e desejo sucesso e prosperidade para uma nação amiga.
FOTOS E VÍDEO
o Embaixador Elkhan Polukhov e o jornalista e editor Milton Atanazio, quando da morte de jornalistas provocadas por mina colocada em território do Azerbaijão por Armênios.
Programa Por Brasilia sobre a morte de jornalistas no Azerbaijão .
PARABÉNS AZERBAIJÃO -Ocasião da comemoração de sua Data Nacional em 28 de maio.Proclamou sua independência em 1918 e tornou a primeira república democrática, cuja população é composta majoritariamente por muçulmanos. ( jornalista Milton Atanazio)