
Nos últimos dez anos, a atuação da China no Brasil deixou de ser um dado esporádico nos indicadores econômicos para se afirmar como um agente relevante de transformação. Ao direcionar investimentos consistentes para setores fundamentais da economia brasileira, o país asiático consolidou-se como um parceiro essencial no projeto de desenvolvimento nacional, contribuindo para a redução das desigualdades regionais, a geração de empregos e a modernização de infraestruturas estratégicas.
De acordo com informações do Banco Central e da Apex-Brasil, o investimento direto chinês no Brasil já supera os US$ 66 bilhões, com destaque para os setores de energia, agronegócio, mineração, logística e tecnologia. No entanto, o impacto desses investimentos vai além das cifras: trata-se de um aporte estratégico, voltado à criação de soluções estruturais e duradouras para desafios brasileiros.
Na área energética, companhias como a State Grid e a China Three Gorges estão à frente de empreendimentos voltados à geração e transmissão de energia limpa, como usinas hidrelétricas e parques eólicos. A operação do chamado Linhão de Belo Monte, por exemplo, gera aproximadamente 5 mil empregos diretos e fornece energia renovável para mais de 60 milhões de brasileiros — um símbolo de eficiência, sustentabilidade e segurança no fornecimento energético.
Em infraestrutura de transportes, aportes em portos, ferrovias e estradas têm contribuído para superar entraves logísticos, aumentando a competitividade do agronegócio nacional. Um caso notável é o investimento no Porto de São Luís, no Maranhão, que, além de facilitar o escoamento de grãos do Centro-Oeste, estimula o desenvolvimento do Nordeste e abre novas oportunidades para a população local.
Na agricultura, a colaboração entre Brasil e China tem incorporado inovações tecnológicas. Iniciativas em áreas como agricultura de precisão, biotecnologia e práticas sustentáveis vêm sendo desenvolvidas por universidades e centros de pesquisa dos dois países. Esse intercâmbio de conhecimento e o uso de tecnologias avançadas elevam a produtividade no campo e contribuem para uma agricultura mais adaptada às mudanças climáticas.
O setor de mineração também recebe significativa atenção dos investimentos chineses, especialmente na região Norte, com empresas como a CMOC atuando com foco na responsabilidade socioambiental e no envolvimento com comunidades locais. As exigências estabelecidas pelo Brasil nas parcerias e concessões têm assegurado contrapartidas concretas para as regiões beneficiadas.
Sob a ótica socioeconômica, os impactos dos aportes chineses se refletem em diversas frentes: geração de empregos diretos e indiretos, qualificação profissional, fortalecimento da indústria nacional e surgimento de polos econômicos em regiões antes negligenciadas. Essa descentralização do investimento é um diferencial relevante da relação bilateral.
Além disso, a atuação chinesa em iniciativas sociais e culturais — como o apoio a instituições de ensino, programas de capacitação técnica e eventos de intercâmbio — contribui para o fortalecimento do tecido social e aproxima as populações de ambos os países. A imagem da China como uma parceira engajada e solidária é reforçada por ações práticas e resultados tangíveis.
Vale ressaltar que essa cooperação se dá sem imposições políticas, respeitando a soberania do Brasil e seus marcos regulatórios. Esse respeito tem incentivado governos estaduais e municipais a estabelecer parcerias diretas com empresas e organizações chinesas, dentro da legalidade e da transparência.
Mais do que uma potência econômica, a China tem se mostrado um ator estratégico na construção de um Brasil mais moderno, sustentável e integrado ao cenário global. As perspectivas para os próximos anos indicam uma intensificação dessa presença — e, com ela, novas oportunidades para um país que busca crescer com equidade social.
Foto: Divulgaçãp e texto de Fabiana Ceyhan