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Artigo do Embaixador Qais Shqair Chefe da Missão da Liga dos Estados Árabes no Brasil

E se a análise custo-benefício for aplicada à guerra israelense em curso em Gaza desde 7 de outubro do ano passado, e tanto em Gaza como na Cisjordânia a partir da sua invasão dos territórios palestinos em 5 de junho de 1967? Quem estaria do lado certo e justificado nessa fórmula? Quem está pagando o preço adequado por uma boa causa e, eventualmente, por um bom negócio? São eles os palestinos, que estão sacrificando – dia e noite – o seu sangue, a vida dos seus filhos, enfrentando os danos às suas casas, aos seus hospitais e a todos os meios possíveis para as suas vidas. Afinal, vale a pena? Será que a sua luta para conquistar a independência, para preservar o seu direito de existir, vale os muitos anos de insegurança, instabilidade e desconforto?

Por outro lado, será que vale a pena para Israel, se é que tem realmente qualquer direito, continuar para sempre a ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza? Vale a pena, é justificado matar 14 mil crianças entre 35 mil civis inocentes na Faixa de Gaza apenas para manter a sua ocupação? Por quanto tempo a ocupação seria administrada? Durante quanto tempo a vontade da Comunidade Internacional poderá ser desafiada juntamente com a legitimidade da ONU? Israel está no caminho certo? Isso é para o seu bem? Qual é a lógica por trás desse desafio tendo em mente a análise de custo-benefício?

Para os palestinos, a sua luta é completamente entendida como uma luta justificada para conquistar os seus direitos legítimos concedidos pelo direito internacional para conquistar a sua independência. A história registra várias situações por todo o mundo sobre o direito legítimo das pessoas de resistir à ocupação. O colonialismo está quase acabando em todo o mundo. A ocupação lá é mais longa. Algumas colônias duraram mais de cem anos em certos países, até que finalmente chegaram ao fim.

Já não é hora de Israel repensar o que está acontecendo no mundo? Já não é hora de reconsiderar as suas políticas de ocupação? As coisas estão mudando; protestos, manifestações em grandes universidades bem-conceituadas nos EUA, na Europa e em outros lugares estão marcando uma mudança na opinião pública internacional em relação à versão israelense da luta palestiniana para obter a independência. A Corte Internacional de Justiça está avançando nessa direção, a corte de Justiça Penal está prestes a fazê-lo. Consequentemente, vale a pena para Israel pagar esse custo desafiando a Humanidade em geral e a vontade da Comunidade Internacional?

 Precisamos de um especialista para responder a essas perguntas?

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